Este conto foi escrito por Inês Pedrosa que se inspirou nos quadros do pintor Júlio Pomar. Quadros estes que servem de ilustração à história contada.
Laura era uma menina que adorava rir e dar gargalhadas e não hesitava em roubá-las fosse a adultos, fosse a crianças. Ficava com as gargalhadas só para ela e fartava-se de rir sozinha. Laura era assim porque vivia num sítio onde apesar de as pessoas terem tudo não conseguiam ser felizes e em vez de rir passavam a vida a suspirar. A menina não compreendia aqueles adultos que tinham tudo para rir e ser felizes e em vez disso passavam a vida a suspirar.
Certo dia, estava ela a brincar no jardim quando reparou num buraco numa árvore. Resolveu entrar e depressa deu por si num enorme e curvado escorrega, fresco mas muito escuro. Finalmente, chegou a um floresta onde tudo era enorme e onde habitavam vários animais.
Seguindo o conselho que a mãe sempre lhe dava, “Se pensasses um bocadinho, tinhas medo”, Laura começou a andar e a cantar para espantar o medo. Entretanto, tudo ficava mais escuro e ela começava a cantar cada vez mais alto para não começar a chorar. Mas quando o sol desapareceu desatou aos berros pela mãe e pelo pai.
A Lua aproximou-se dela e contou-lhe a história dos irmãos Kuat e Laê - o Sol e a Lua - concluindo que o dia volta sempre e que ela não precisava de ter medo. A Lua aconselhou-a a dormir e disse-lhe que durante o sono lhe ensinaria, em sonhos, a falar a língua dos meninos que iria conhecer no dia seguinte e informou-a que estava no Brasil, na floresta Amazónica.
No dia seguinte, acordou rodeada de meninos barulhentos, com cabelos negros, olhos amendoados e cheios de pulseiras coloridas. Por mais que tentasse, Laura não conseguia roubar-lhes as gargalhadas. Quando lhes explicou que tinha fome, eles trouxeram-lhe frutas de todas as cores e formas. Foram depois, para um lago onde brincaram todo o dia entre peixinhos prateados, cor-de-laranja e vermelhos.
Chegou a noite e Laura desatou a chorar com saudades dos seus pais. Pediu então aos meninos que a ajudassem a encontrar o caminho de regresso a casa. Os meninos disserem-lhe que teriam que procurar uma árvore com escadas mas que seria muito comprida e quando ela chegasse ao topo já seria muito velhinha. Laura chorou tanto, tanto que as lágrimas dela encheram o lago. Do fundo do lago, aparece o Génio Das Lágrimas que ralhou com ela dizendo-lhe que ao roubar as gargalhadas aos outros espalhava a tristeza. A menina só queria que os seus pais aparecessem por ali mas o Génio disse-lhe que isso só era possível se os transformasse em borboletas. A Laura achou que os seus pais não seriam felizes com essa forma. Desistiu dessa ideia e tomou a decisão de procurar a escada que a levaria de volta à sua casa.
Ao receber um beijo mágico da Lua, Laura adormeceu por três dias e três noites. Quando, finalmente, abriu os olhos viu os pais que lhe sorriam. Percebeu, então, que já não precisava de roubar mais gargalhadas. Estava num sítio feliz.
Vânia Fernandes, 6º7 nº 27